quinta-feira, 29 de junho de 2017

POKA YOKE: SIMPLES E EFICIENTE

Em nossas atividades profissionais nos deparamos com situações, problemas, falhas ou defeitos ocorridos neste ou naquele processo ou até mesmo em nossa vida pessoal, a qual, quando aplicamos ideias simples, conseguimos resolver os mesmos e assim promover melhorias que por sua vez geram resultados positivos.
De forma simples o conhecimento não está somente na formação tradicional adquirida em cursos, mas também, no contato e experiencia do dia a dia com produtos ou processos. Assim, quando entendemos e estamos comprometidos com os mesmos, somos capazes de imaginar melhorias que poderão torná-los mais eficientes.

Como engenheiro civil, tive a oportunidade de ver em obra muito problemas executivos, serem resolvidos de forma simples e com praticamente zero reais investidos, através de ideias vindas da equipe de campo, a qual trabalhava diariamente com os processos ou produtos. Tais ideias, além de resolver problemas do dia a dia puderam ser replicadas para outras obras e situações, tornado os processos melhores.
Se olharmos bibliografias relativas a gestão de produção e controle de qualidade encontraremos diversas ferramentas, técnicas e sistemas de controle que buscam evitar falhas de produção. Entretanto a grande maioria delas demanda de uma estrutura mais robusta para execução, de um aporte elevado de capital financeiro, de um tempo longo para desenvolvimento, aplicação e consolidação, entre outras. Enfim, tais situações acabam se tornando difíceis de aplicar em um primeiro momento onde busca-se um resultado mais rápido a um custo relativamente baixo.
Pensando nessa linha, onde o objetivo é resolver problemas de forma simples, um conceito que se aplica muito bem é o do Poka Yoke (pocá-ioquê) a qual teve origem dentro da indústria Toyota em meados dos anos 60.

Mas o que é Poka Yoke?
Pode-se traduzir e definir Poka Yoke como um dispositivo ou sistema a prova de erros cuja função principal é prevenir falhas humanas inerentes da falta de atenção que possam resultar em defeitos nos produtos. Para aplicação de tal sistema parte-se do princípio de criação de artifícios físicos que evitem dupla interpretação ou situações onde este ou aquele processo executivo possa ser executado de mais de uma forma diferente podendo ocasionar falhas.
Se pensarmos em nosso dia-a-dia, por exemplo, veremos que estamos rodeados por situações onde o Poka Yoke se apresenta: nossos computadores, televisores, celulares, etc., possuem cabos de conexão (VGA, HDMI, carregadores, etc.) com conectores diferentes, os quais só podem ser inseridos nos  locais próprios para eles, ou seja, mesmo uma pessoa que não tenha muito conhecimento de eletrônica e tecnologia acabará por conectar os cabos certos no locais certos ou, na pior das hipóteses o equipamento não será ligado evitando uma falha de funcionamento ou queima do mesmo, ou seja, uma atitude simples de se usar conectores diferentes, evitou uma falha humana.




Figura 01 – Exemplo de Poka Yoke em linha de produção


Exemplo de Poka Yoke
Para que possamos entender de forma simples o que é Poka Yoke, compartilhamos um vídeo do Grande Mestre MÁRIO SÉRGIO CORTELLA, que traduz muito bem a aplicação o Poka Yoke.



Como usar o Poka Yoke corretamente?

Em um primeiro momento, antes de buscarmos aplicar o Poka Yoke, devemos avaliar as falhas que acontecem em nossa empresa, buscando identificar as mais recorrentes analisando as suas causas raiz. Dessa forma podemos avaliar se as mesmas têm origem humana ou são defeitos de produto. Só então começamos a buscar uma solução via algum tipo de Poka Yoke para evitar que tais falhas ou defeitos voltem a ocorrer, para tanto recomenda-se seguir a sequência lógica abaixo:
  • Identificação da falha ou defeito: preferencialmente em conjunto com equipe executora, devemos identificar as falhas ou defeitos na produção.
  • Análise e compreensão das falhas ou defeitos: cataloga-se e classifica-se as falhas e defeitos por tipos e graus de prioridade.
  • Desenvolvimento de uma solução para o problema: neste estágio devemos nos questionar de formas como a falha poderia ser prevenida, evitada, de como poderíamos identificar previamente o defeito, desenvolvendo com isso uma solução simples e de baixo custo para o problema.
  • Aplicação de testes (da solução adotada) na linha de produção: executa-se a solução adotada no processo produtivo e realiza-se teste de sua eficiência, buscando evitar que a falha seja transmitida para o próximo setor.
  • Implantação definitiva da solução (caso a mesma seja eficiente: padroniza-se a solução adotada junto a empresa, incorporando a mesma ao processo.
  • Registro documental do processo, gerando lições aprendidas para o futuro: registra-se as ações tomadas criando com isso um histórico de problemas x soluções que poderá ser útil no futuro em situações similares as enfrentadas.

Seguindo esta sequência de raciocínio e principalmente envolvendo a equipe no desenvolvimento da solução e na tomada de decisões com certeza consegue-se desenvolver um Poka Yoke simples, barato e adequado a realidade da empresa, gerando ganhos de ordem econômica, de qualidade e de tempo, gerando a satisfação dos clientes e porque não dizer da equipe também.



Enfim, com o Poka Yoke aprende-se que nem sempre os planos mais audaciosos, demorados e caros são necessários para resolução de problemas relativos a falhas, muitas vezes, soluções simples, como um ventilador, são mais baratas, ágeis e eficientes.

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