Em nossas atividades profissionais nos
deparamos com situações, problemas, falhas ou defeitos ocorridos neste ou
naquele processo ou até mesmo em nossa vida pessoal, a qual, quando aplicamos
ideias simples, conseguimos resolver os mesmos e assim promover melhorias que
por sua vez geram resultados positivos.
De forma simples o conhecimento não está
somente na formação tradicional adquirida em cursos, mas também, no contato e
experiencia do dia a dia com produtos ou processos. Assim, quando entendemos e
estamos comprometidos com os mesmos, somos capazes de imaginar melhorias que
poderão torná-los mais eficientes.
Como engenheiro civil, tive a oportunidade de
ver em obra muito problemas executivos, serem resolvidos de forma simples e com
praticamente zero reais investidos, através de ideias vindas da equipe de
campo, a qual trabalhava diariamente com os processos ou produtos. Tais ideias, além de resolver problemas do dia a dia puderam ser replicadas
para outras obras e situações, tornado os processos melhores.
Se
olharmos bibliografias relativas a gestão de produção e controle de qualidade
encontraremos diversas ferramentas, técnicas e sistemas de controle que buscam
evitar falhas de produção. Entretanto a grande maioria delas demanda de uma
estrutura mais robusta para execução, de um aporte elevado de capital
financeiro, de um tempo longo para desenvolvimento, aplicação e consolidação,
entre outras. Enfim, tais situações acabam se tornando difíceis de aplicar em
um primeiro momento onde busca-se um resultado mais rápido a um custo
relativamente baixo.
Pensando
nessa linha, onde o objetivo é resolver problemas de forma simples, um conceito
que se aplica muito bem é o do Poka Yoke (pocá-ioquê) a qual teve origem dentro
da indústria Toyota em meados dos anos 60.
Mas o que é Poka Yoke?
Pode-se
traduzir e definir Poka Yoke como um dispositivo ou sistema a prova de erros
cuja função principal é prevenir falhas humanas inerentes da falta de atenção
que possam resultar em defeitos nos produtos. Para aplicação de tal sistema
parte-se do princípio de criação de artifícios físicos que evitem dupla
interpretação ou situações onde este ou aquele processo executivo possa ser
executado de mais de uma forma diferente podendo ocasionar falhas.
Se
pensarmos em nosso dia-a-dia, por exemplo, veremos que estamos rodeados por
situações onde o Poka Yoke se apresenta: nossos computadores, televisores,
celulares, etc., possuem cabos de conexão (VGA, HDMI, carregadores, etc.) com
conectores diferentes, os quais só podem ser inseridos nos locais próprios para eles, ou seja, mesmo uma
pessoa que não tenha muito conhecimento de eletrônica e tecnologia acabará por
conectar os cabos certos no locais certos ou, na pior das hipóteses o
equipamento não será ligado evitando uma falha de funcionamento ou queima do
mesmo, ou seja, uma atitude simples de se usar conectores diferentes, evitou
uma falha humana.
Figura
01 – Exemplo de Poka Yoke em linha de produção
Exemplo de Poka Yoke
Para
que possamos entender de forma simples o que é Poka Yoke, compartilhamos um
vídeo do Grande Mestre MÁRIO SÉRGIO CORTELLA, que traduz muito bem a aplicação o Poka Yoke.
Como usar o Poka Yoke corretamente?
Em um primeiro momento, antes de buscarmos aplicar o Poka Yoke, devemos avaliar as
falhas que acontecem em nossa empresa, buscando identificar as mais recorrentes
analisando as suas causas raiz. Dessa forma podemos avaliar se as mesmas têm
origem humana ou são defeitos de produto. Só então começamos a buscar uma
solução via algum tipo de Poka Yoke para evitar que tais falhas ou defeitos
voltem a ocorrer, para tanto recomenda-se seguir a sequência lógica abaixo:
- Identificação da falha ou defeito: preferencialmente em conjunto com equipe executora, devemos identificar as falhas ou defeitos na produção.
- Análise e compreensão das falhas ou defeitos: cataloga-se e classifica-se as falhas e defeitos por tipos e graus de prioridade.
- Desenvolvimento de uma solução para o problema: neste estágio devemos nos questionar de formas como a falha poderia ser prevenida, evitada, de como poderíamos identificar previamente o defeito, desenvolvendo com isso uma solução simples e de baixo custo para o problema.
- Aplicação de testes (da solução adotada) na linha de produção: executa-se a solução adotada no processo produtivo e realiza-se teste de sua eficiência, buscando evitar que a falha seja transmitida para o próximo setor.
- Implantação definitiva da solução (caso a mesma seja eficiente: padroniza-se a solução adotada junto a empresa, incorporando a mesma ao processo.
- Registro documental do processo, gerando lições aprendidas para o futuro: registra-se as ações tomadas criando com isso um histórico de problemas x soluções que poderá ser útil no futuro em situações similares as enfrentadas.
Seguindo
esta sequência de raciocínio e principalmente envolvendo a equipe no
desenvolvimento da solução e na tomada de decisões com certeza consegue-se
desenvolver um Poka Yoke simples, barato e adequado a realidade da empresa, gerando
ganhos de ordem econômica, de qualidade e de tempo, gerando a satisfação dos
clientes e porque não dizer da equipe também.
Enfim,
com o Poka Yoke aprende-se que nem sempre os planos mais audaciosos, demorados
e caros são necessários para resolução de problemas relativos a falhas, muitas
vezes, soluções simples, como um ventilador, são mais baratas, ágeis e
eficientes.
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