quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O TRIÂNGULO DE TALENTOS DO PMI


O novo PMBOK 6ª edição nos traz um capítulo inteiramente dedicado ao gerente de projetos, destacando o papel e as competências deste profissional tão importante para guiar a equipe e o projeto como um todo rumo ao sucesso. 

Sendo assim, esta nova edição, inclui e reforça o seu já conhecido Triângulo de Talentos (PMI Talent Triangle). De forma geral, o Triângulo de Talentos do PMI busca representar o conjunto de habilidade críticas as quais as empresas têm procurado em seus gestores de projetos. Tais habilidades são:

·         Gerenciamento técnico de projetos (Técnica de Gestão de Projetos): são conhecimentos, habilidades e comportamentos relativos a domínios específicos da profissão de gerente de projetos, as quais estão em evolução contínua. Exemplos: técnicas de compilação de requisitos, controle de projetos e programação, gestão de riscos e escopo, ferramentas e técnicas ágeis, etc.

·         Liderança: habilidade essencial para atividades de coordenação de projetos e inspiração das pessoas buscando que a organização como um todo alcance as metas de negócios. Como exemplos podemos citar a negociação e gestão de conflitos, motivação, resolução de problemas, inteligência emocional, desenvolvimento de equipes, etc.

·         Gestão Estratégica de Negócios: conexão entre o projeto e o negócio da organização, de forma a materializar o planejamento estratégico da empresa, melhorando o desempenho e entrega de resultados. Exemplos: Planejamento e alinhamento estratégico, gestão de contratos, funções operacionais, etc

Ao observamos, assim como o Triângulo das Restrições, no Triângulo de Talentos há uma interdependência entre seus 3 lados, de forma que mudanças ocorridas em um dos lados, acaba por influenciar o desempenho e o resultado dos demais lados. Logo, o desenvolvimento, a qualificação profissional concomitante das três faces do triângulo é uma forma inteligente e eficiente de tornar o profissional, o gerente de projetos mais atrativo ao mercado o que conduz ao sucesso profissional e contribuiu para o seu crescimento o que por sua vez para o sucesso do projeto como um todo gerando ganhos a todos os envolvidos.

Tecnologias estarão disponíveis para todos os seguimentos de empresa, porém o que tornará as empresas diferenciadas será a capacidade de preparar e terem em suas estruturas organizacionais profissionais diferenciados e com habilidades tanto na área técnica, como principalmente na área pessoal e neste ponto o triângulo de talentos reforça estes conceitos.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

ANÁLISE DE PARETO

Em nossos projetos ou processos, iremos nos deparar com problemas, defeitos, entre outras, onde em comum, tais dados terão uma quantidade grande e variável de informações. Nessa hora nosso instinto é de tentar olhar ponto a ponto e ir resolvendo tudo de forma mais rápido possível, porém em muitos casos a aplicação de uma técnica pode nos ajudar a focar melhor naquilo que representa grande parte dos problemas com uma análise na menor quantidade de informações. Neste momento um forte aliando para nos ajudar com estas informações e sintetização das mesmas é o diagrama de Pareto.

       Idealizado por Joseph Juran, o Diagrama de Pareto, ou regra 80/20 trata-se de um estudo, uma técnica estatística, que identificou que, dentro de uma empresa, cerca de 80% dos problemas, relativos a qualidade, ou outros horizontes de informações existentes são causados por 20% dos fatores. Tal estudo acabou se expandindo para área de custo, onde identifica-se que aproximadamente 20% dos principais insumos contemplam 80% dos custos envolvidos no projeto.

Assim como em qualidade e custos, a Análise de Pareto pode ser aplicada em outros ramos, tais como marketing, vendas, entre outros.

A relação 80/20 possibilita que a empresa ataque 20% de seus problemas, amostra de público, custos envolvidos, etc. e com isso consiga atingir 80% de suas metas, em palavras simples, pensando em termos de custos por exemplo, se determinada empresa monitorar com mais atenção 20% de seus produtos mais utilizados, irá automaticamente estar atacando uma gama de 80% de seus custos podendo dessa forma tomar ações para redução dos custos destes produtos. Já em termos de problemas que qualidade, se a mesma empresa atacar 20% dos principais fatores ou causas raiz de problemas de qualidade, estará repercutindo em 80% dos problemas relativos a esta qualidade.

Passos para criação de um Diagrama de Pareto:

1° - Verifique e entenda primeiramente os dados que você deseja analisar, antes da criação do Diagrama de Pareto
2° - Coleta de dados;
3° - Analise e organize os dados coletados;
4° - Compile os resultados obtidos e suas % ou informações numéricas, para criação do diagrama;
5° - Crie o Diagrama, lembrando que as barras verticais do gráfico vão das maiores para as menores e da esquerda para direita;
6° - Criar um segundo gráfico sobre as barras para indicar a % acumulada dos problemas;
6° - Compilado os resultados e criado o Diagrama, analise o mesmo, para tomada de ações.


Logo, podemos observar que o uso da análise de Pareto é muito interessante, para as organizações, principalmente para tomada de decisões e priorizações de ações, podendo trazer resultados positivos a curto e médio prazo, principalmente no que tange a um controle mais assertivo do escopo e por sua vez dos custos.

Antônio Carlos da Costa Valente

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Curso Gerenciamento de Projetos com Foco em Gestão de Obra


Andon: As luzes e sons da gestão

Independente da área em que atuamos, seja comércio, indústria ou serviços, estamos em constante luta com fatores como tempo, custo e qualidade, entre outros. Partindo desta situação inicial, presente nas empresas, temos que buscar métodos ou artifícios que contribuam para melhoria da qualidade, continuidade nos processos o que consequentemente acarretará na redução de custos e agilidade de entregas.
            
Se analisarmos fatores relacionados a tempo, custo e qualidade, podemos observar que estes estão intimamente ligados, ou seja, se produzirmos com maior qualidade automaticamente retrabalhos serão minimizados ou evitados e por sua vez, evitando-se estes retrabalhos ou desperdícios, os tempos de entrega passam a ser menores e os custos envolvidos com correções, insumos perdidos, equipes adicionais naturalmente diminuiu. Dessa forma, a adoção de meios que, promovam uma maior interação entre estes três fatores, possibilitará o trabalho em favor da otimização de atividades e por sua vez acarretará em retornos positivos a nossa empresa.
           
Assim, um dos meios que podem nos ajudar para o controle de produção e contribuição para os fatores mencionados é o Andon. Oriunda do Sistema Toyota de Produção, esta técnica visa alertar por meio de sinais sonoros e/ou luminosos eventuais problemas de produção, principalmente no que tange a qualidade dos produtos ou serviços, afetando por sua vez o sistema como um todo.
            
A palavra Andon é de origem japonesa, cujo significado é lanterna ou lampião e sua aplicação prática, por exemplo em uma indústria, consiste no uso de sinais luminosos e/ou sonoros instalados em determinados pontos da linha de produção. Tais pontos são acionados (operados) pelos próprios operadores da linha quando algum problema ou defeito inerente do processo é identificado. Esta ação de sinalização automaticamente e visualmente informa aos operadores da linha bem como aos líderes de que existe um problema e que o mesmo deve ser sanado o mais rápido possível para não afetar a produção, seja pela parada da mesma ou pela repetição e transferência do problema/erro para a etapa subsequente da linha, gerando ao final um produto de baixa qualidade que por sua vez, deverá ser retrabalhado, elevando-se os custos.
            
Outro aspecto importante na utilização do Andon, é que ao detectar o problema, geralmente a linha de produção, que possua correlação com o setor do problema, é paralisada, o que por sua vez evita gargalos e faz com que todos os envolvidos, não só no ponto ou estação de trabalho que foi detectado o erro, mas em toda a linha de produção, se comprometam para a resolução do problema a fim de aumentar a eficiência do processo e por sua vez promovam o fluxo continuo.

Benefícios do Andon
- Redução de perdas devidos a defeitos, principalmente os defeitos reincidentes, quando se identifica o problema, o processo para resolução do mesmo evitando sequência de produção com erros;
- Redução de perdas devido a espera;
Problemas identificados rapidamente, agilizando a produção;
Aumento da autoestima dos trabalhadores devido ao empoderamento dos mesmos: o trabalhador controla a produção podendo paralisá-la em caso de problemas.
Atividades mais focadas para resolução de problemas;
Desenvolvimento de busca pela melhoria contínua e espírito de equipe;
Melhoria do planejamento: Auxilia no fornecimento de indicadores de problemas bem como determinando tempos de ciclo, tornando o planejamento mais assertivo.

Barreiras ao Andon
   - Cultura da empresa: Dificuldade de mudança dentro da empresa, que muitas vezes encara o “parar a produção” como “perder dinheiro”.
   -   Resistência a mudanças por parte dos operários: Receio dos operadores em identificar falhas em seu setor ou de seus colegas.
 - Dificuldades de ordem técnica: Necessidade de instalações específicas para funcionamento do Andon.

Andon na prática




 - Definição conceitual de problema: Deve-se alinhar com a equipe o que a empresa considera como problema (falta de material, segurança do trabalho, critérios de qualidade, etc.), ou seja, situar todos na produção e supervisão dentro da mesma página de forma que somente as categorias de problemas previamente determinadas entrem em eventuais acionamentos do Andon.

 - Forma de sinalização do problema: Definição do sistema que será adotado (luzes, sons, parada total ou setorial de produção), ou seja, de que forma o Andon irá operar.

 - Identificação os responsáveis pela sinalização e resolução do problema: Definir quem serão os responsáveis tanto pelo acionamento quanto pelo apoio técnico e resolução dos problemas identificados.

 - Armazenamento de informações: Determinação de como as informações (problemas, soluções e indicadores) serão documentados, arquivados, utilizados no futuro (lições aprendidas).


Indicadores de qualidade: Como utilizar as informações geradas pelo Andon?

Devemos salientar que, somente possuir um sistema Andon implantado e funcionando em nossas empresas, onde a produção será paralisada e os problemas identificados serão solucionados não é suficiente se os problemas persistirem e a produção parar a todo momento. Caso isto aconteça não estamos promovendo a melhoria contínua dos processos, mas promovendo ações corretivas temporárias. O caminho mais correto é buscar aplicação e utilização do Andon não somente com a simples função de sinalizar, mas sobretudo com a função de fornecer informações que proporcionaram a melhoria dos processos. Mas como posso fazer isso? De maneira simplificada, à medida que identificamos um problema na produção, paralisando a mesma a acionando/solicitando ajuda, estamos automaticamente gerando informações extremamente relevantes para criação de indicadores de qualidade e produtividade que servirão de base para controles atuais e planejamentos futuros.

Tomemos como exemplo, algumas informações que podemos controlar a partir de um Andon.

  -  Número de paradas de produção: Quantidade de vezes que o Andon é acionado e a produção é paralisada, indicando ao longo do tempo se a eficiência produtiva tem melhorado, ou seja, o número de paradas tem reduzido.

 - Tempo médio para resolução de problemas: Indicador que determina a média de tempo que se leva para resolução dos problemas, determinando a longo prazo se a equipe de manutenção ou resolução de problemas está mais ágil, mais eficiente.

  -  Motivos das paradas (problemas identificados): Gráficos ou quadros indicativos que determinam os tipos e quantidades de problemas encontrados na produção. Tais indicadores possibilitam a identificação de problemas recorrentes ou até mesmo de problemas versus o tempo de parada, norteando a empresa para ações corretivas dos mesmos, priorizando os problemas mais recorrentes os aqueles cujos tempos de parada de produção sejam altos

Além destes indicadores, pode-se gerar muitos outros como: Custo x tempo de parada, Percentual de Tempo Parado, entre outros. Entretanto devemos ser cautelosos quanto a indicadores, buscando utilizar somente aqueles realmente relevantes para nosso processo, evitando o excesso de burocratização da produção.

O que tiramos de lição do Andon?
     
Nos parágrafos anteriores falamos da sistemática do  Andon, seus benefícios, barreiras, forma de implantação e indicadores que o mesmo nos proporciona, entretanto se pudéssemos simplificar todo o sistema Andon em uma frase que o representa-se, poderíamos dizer que “O sistema Andon, através de um método simples de comunicação visual, nos ajuda a reduzir desperdícios e tempos produtivos, melhorando nosso planejamento de longo prazo e possibilitando um controle de qualidade mais eficiente, visual e assertivo”, ou seja, o Andon é um passo importante na caminhada Lean. Logo, se buscamos traçar em nossa empresa um caminho dentro das boas práticas, sejam elas nos horizontes estratégicos, táticos ou operacionais, associadas a uma cultura Lean focada na melhoria contínua de processos e produtos, devemos abraçar mudanças em nossas culturas tradicionais de trabalho e, o Andon irá nos “sinalizar” rumo a estas mudanças.

Em suma, o Andon é um forte aliado na busca pela estabilização do fluxo produtivo, no desenvolvimento de conceitos como envolvimento, comprometimento e cooperação, na comunicação de todos os envolvidos no processo, na geração de aprendizado, na busca pela eliminação de problemas recorrentes e principalmente na melhoria contínua.