sexta-feira, 9 de março de 2018

Os Desperdícios na Produção


Podemos descrever como preceito essencial do pensamento Lean a contínua eliminação das atividades desnecessárias, as quais não agregam valor, ou seja, a redução ou eliminação dos desperdícios. Tal objetivo, permeia por todas as áreas, sejam elas relacionadas a processos, assistenciais, de suporte, administrativas, dentre outras. A eliminação de desperdícios e de esforços desnecessário, nos permite agregar mais tempo e recursos para a realização de coisas realmente importantes.

De forma conceitual, desperdícios tratam-se de atividades que consomem recursos e não agregam valor ao cliente e, além disso que não são necessárias ao processo, ou seja, podemos tratar os desperdícios como perdas.

Na década de 50 a Toyota já havia percebido, que para ser competitiva no mercado automobilístico, necessitaria de ações que ao mesmo tempo otimizassem seus custos sem prejudicar a sua qualidade. Tal relação, redução de custos versus garantia de qualidade, em um primeiro momento parece antagônica, entretanto, a Toyota conseguiu equilibrar tal relação através da redução de toda e qualquer parcela de trabalho que não agregasse valor ao processo e que ao mesmo tempo fosse desnecessária. E assim, nasceu o preceito de eliminação de desperdícios. Daquela época até os dias atuais o mercado potencializou muito sua competitividade e a tecnologia foi socializada para muitas empresas, porém somente tecnologia não é sinônimo de competitividade, e é nesse ponto que a redução de desperdícios pode contribuir para o sucesso das empresas. Se pensarmos que muitas empresas detentoras de capitais e tecnologias de ponta em seus processos fabris, ainda enfrentam dificuldades na redução de desperdícios simples como por exemplo, estoques e movimentações, percebemos o quanto é possível melhorar os processos, e criar produtos ainda de melhor qualidade, com menor esforço e com preços mais atrativos para os consumidores.











Dentro dos processos produtivos, podemos relacionar 8 tipos de desperdícios (Superprodução, Tempo de Espera, Transporte, Superprocessamento, Estoque, Movimentação, Defeitos e Má Utilização De Capital Humano) que prejudicam o desenvolvimento de tarefas e por sua vez geram inevitavelmente aumentos de custos produtivos.


Superprodução: Consiste na produção ou compra de quantidades superiores a demanda do mercado.

Exemplo: Fabricar uma quantidade grande de produtos, visando o aproveitamento de setups de máquinas. 


Tempo de Espera: Relativo a esperar desnecessária pela finalização de algum processamento de produto ou serviço, gerando estoques desnecessários e/ou ociosidade de equipe.


Exemplo: Espera por assinaturas de documentos, funcionários aguardando treinamento, etc.

Transporte: Manuseio excessivo, impróprio ou desnecessário de materiais e produtos semiacabados.

Exemplo: Transportar / realocar materiais ou produtos de forma excessiva dentro do processo de fabricação.




Superprocessamento: Acréscimo de mais “trabalho” a determinada operação que não agregam valor ao cliente.

Exemplo: Várias inspeções em um mesmo processo.




Estoque: Existência de estoques de suprimentos desnecessários e excessivos oriundos de programação de compra ou produção inadequada.
Exemplo: Manter produtos em estoque após obsolescência, fabricação de grandes quantidades de material, excesso de máquinas e equipamentos, etc.


Movimentação: Movimentações humanas desnecessárias para cumprir uma tarefa.

Exemplo: Funcionário precisa andar muito para buscar determinada ferramenta, departamentos espalhados em uma empresa, etc.




Defeitos: Produção de produtos defeituosos ou erros humanos em processos manuais, gerando desperdício e retrabalho.

Exemplo: Digitação errada, erro de produção, etc.




Má Utilização De Capital Humano: Não usar toda a capacidade das pessoas na execução de tarefas.

Exemplo: Pessoas tratadas como robôs, não envolver as pessoas nos processos de melhoria, trabalho desigual, etc.




Um ditado simples diz que “o diabo mora nos detalhes”. Desperdícios por mais que parecem ser pequenas coisas que, por muitas vezes, entendemos que não impactariam tanto, quando temos grandes estoques ou admitimos que pequenos defeitos façam parte das rotinas. Quando tratamos desperdícios como descaso, não estamos dando valores para esses pequenos “detalhes” que, se controlados, podem acabar por gerar produtos com preços mais baixos e com alta qualidade.



Conheça mais sobre os 8 desperdícios bem como sobre o Lean Construction e a Gestão de Projetos no livro Gestão de Projetos e Lean Construction: Uma Abordagem Prática e Integrada .


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